Políticas baseadas em Evidências

Pesquisas sobre Audiovisual evidenciando os limites estruturantes do campo

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SERVIÇO

Data do Painel “Políticas baseadas em Evidências: Pesquisas sobre Audiovisual evidenciando os limites estruturantes do campo”: 15/10/2025

Hora: 14h (Brasília)

Gravação do Painelhttps://drive.google.com/file/d/1qDf1CNFhaeieLCnK3di2rLex3zhbHvNq/view

Programação completa do evento: Semana de la Evidencia

A Semana de la Evidencia foi uma iniciativa nascida em 2016 pela (então) Aliança Peruana para o Uso da Evidência, uma aliança local de pesquisadores e profissionais na área de políticas públicas informadas por evidências. Uma série de pequenas apresentações periódicas foi transformada em um festival de uma semana com eventos em diversos locais, alcançando maior participação e conscientizando sobre a importância de promover as políticas informadas por evidências e fortalecer as capacidades de pesquisa na região.

O Instituto Iniciativa Cultural , o Centro de Análise do Cinema e do Audiovisual (CENA), e o Observatório da Diversidade Cultural, comprometidos em promover o uso contextualizado de evidências na formulação de políticas públicas, integram a programação do evento em 2025, através de seus representantes Alessandra Meleiro, Paulo Cidade e José Márcio Barros

Tendo como tema “Políticas Baseadas em Evidências em Movimento: Ouvindo, Inovando e Transformando”, o evento terá participantes de 21 países, de organizações comunitárias a centros de pesquisa, de formuladores de políticas a jornalistas e financiadores, de diferentes setores e territórios, que estão gerando, comunicando, utilizando e financiando evidências sobre questões de interesse público em seus contextos. Este ano, o evento nos convida a imaginar o futuro: como podemos fortalecer e inovar esses processos em um mundo assolado por desinformação, múltiplas crises e transformações tecnológicas? Precisamos de novas ideias, abordagens criativas e soluções colaborativas que nos permitam avançar em direção a sistemas de evidências mais inclusivos, eficazes e sustentáveis.

Vislumbramos um futuro em que as evidências sejam naturalmente integradas aos processos de tomada de decisão na América Latina e no Caribe. Nesse futuro, pesquisadores produzem conhecimento de alta qualidade sem precisar lutar por reconhecimento, cidadãos têm acesso às evidências para tomar decisões informadas, intermediários de conhecimento desempenham um papel vital no fechamento de lacunas e formuladores de políticas incorporam evidências naturalmente ao desenvolvimento e à avaliação de políticas.

Sabemos que esse caminho é complexo e exige esforços coletivos que inclui, ainda, atores como a Rede Internacional de Aconselhamento Científico Governamental e a Iniciativa de Avaliação Global, também comprometidos com o fortalecimento da tomada de decisões baseada em evidências.

As conexões forjadas durante a Semana, que acontecerá de 13-17/10/25, podem se transformar em colaborações duradouras, que podem fortalecer a crença no valor das evidências e motivar ações em toda a sociedade para promover sua geração, tradução e uso.

Leia abaixo os resumos das falas dos membros do Painel.

Políticas baseadas em Evidências: Pesquisas sobre Audiovisual evidenciando os limites estruturantes do campo

Historicamente, o financiamento de grande parte da produção e da difusão artística no Brasil esteve vinculado à ação estatal, seja por meio da atuação de instituições culturais públicas, subvenções e apoios a instituições privadas, patrocínio direto a projetos ou, mais recentemente, por meio de isenções fiscais, leis de incentivo, fundos estatais ou lançamento de editais específicos.

As disparidades de metodologias entre os estudos de economia aplicada à cultura, ao cinema e ao audiovisual mostram que, ainda que determinados aspectos da indústria criativa ocupem um papel cada vez mais central na discussão econômica global, como as regulamentações sobre propriedade intelectual, o fato é que as indústrias criativas ainda são insuficientemente estudadas em seus aspectos econômicos nos países em desenvolvimento.

Essa Mesa tem como objetivos: 1) debater a necessidade e os desafios para a efetiva  implantação e fortalecimento de políticas culturais baseadas em evidências; 2) refletir sobre o status atual da inteligência de dados sobre políticas culturais e industriais, especialmente no campo do cinema e do audiovisual, no Brasil.

O processo de produção, sistematização e utilização de dados: construção de indicadores da atividade audiovisual como base de qualificação de políticas públicas

Dra. Alessandra Meleiro – Centro de Análise do Cinema e do Audiovisual (CENA)/ Instituto Iniciativa Cultural

A criação de bancos de dados da cultura (e audiovisual) visa fornecer um instrumento de convencimento do Estado e da iniciativa privada de que têm um papel neste campo e que, portanto, devem investir.

Trata-se de convencer ambas essas esferas, bem como a sociedade civil, por meios quantitativos, de que a aplicação de recursos na cultura tem um significado econômico sensível na dinâmica do desenvolvimento nacional (gerando empregos, trazendo divisas de fora) e que, portanto, essa aplicação de recursos na cultura (e audiovisual) não deve ser entendida como gasto, mas sim, como investimento.

De um ponto de vista imediatamente utilitarista, a existência de dados sobre a cultura justifica-se na medida em que possa contribuir para a identificação de áreas estratégicas do desenvolvimento nacional e dos setores que possam conduzir ao desenvolvimento do próprio sistema da cultura entendido como um dos motores do desenvolvimento maior. E o que esses dados deverão permitir é a formulação de políticas culturais e políticas socioculturais.

Nesta apresentação, compartilharemos reflexões sobre métodos e processos de produção de pesquisas, estudos e estatísticas, bem como traremos um panorama do atual status da inteligência de dados sobre o audiovisual conduzidas pelo Centro de Análise do Cinema e do Audiovisual (CENA) e suas estratégias de advocacy para que imperativos políticos possam dialogar com critérios técnicos no ato de elaboração, implementação ou redesenho das políticas para o audiovisual.

Políticas culturais baseadas em evidências: por que e para que?

Dr. José Marcio Barros – Observatório da Diversidade Cultural/PUC MG/UEMG

RESUMO: Política pública baseada em evidências constitui uma agenda com mais de 30 anos de existência, mas ainda muito pouco aplicada no Brasi, especialmente no campo da cultura. A despeito do risco de se limitarem a uma postura técnico racionalista que reduz as evidências à sua dimensão quantitativa, e dos desafios que o reconhecimento da complexidade, da multicausalidade e das incertezas apresentam, o certo é que a produção de informações e sua transformação em conhecimento constitui peça fundamental para a efetividade das políticas públicas.  Entretanto, se o aumento exponencial da disponibilidade de dados, da capacidade computacional e do conhecimento técnico-científico são evidentes, a qualidade das decisões públicas não parece ter crescido no mesmo ritmo. Essa comunicação busca refletir sobre a importância de observatórios do campo da cultura, especialmente do audiovisual e cinema, articulem a produção de informações e indicadores com a produção de conhecimento aliada à formação de gestores e pesquisadores. Afinal, como a criação e consolidação de observatórios e grupos de pesquisa podem contribuir para a formação de pesquisadores e para o desenvolvimento de pesquisas que possam fundamentar tomadas de decisões mais democráticas e efetivas?

Produção de evidências: pressupostos, metodologias, contextos e riscos

Paulo Cidade – Centro de Análise do Cinema e do Audiovisual (CENA)/ Havine Research

A produção de conhecimento e evidências para áreas com grande interdependência com o setor público implica em uma visão sistêmica que considere o 1) contexto do processo de decisão; 2) aspectos técnicos e metodológicos da produção científica em áreas sociais e 3) uma leitura do ciclo de políticas públicas como ambiente de disputa por recursos e relevância.

O primeiro eixo abordará o contexto dos processos de decisão, destacando a importância de se compreender como as decisões são tomadas e em que momento as evidências podem ser incorporadas. Entre os diversos fatores a serem considerados, como: valores, interesses, pressões institucionais e percepções, é importante incorporar o papel do conceito de risco embutido, que orienta a avaliação das alternativas disponíveis. Significa dizer que as evidências devem dialogar com o ambiente político, social e organizacional em que se insere, contribuindo para decisões mais informadas e coerentes com o contexto.

O segundo eixo se propõe a discutir aspectos metodológicos da produção do conhecimento científico e sua inserção nos contextos sociais, políticos e econômicos, tanto públicos quanto privados. O conhecimento não é neutro nem produzido em isolamento: resulta de redes de pesquisadores, instituições e interesses que moldam agendas, metodologias e interpretações. Nesse sentido, ganham destaque os desafios da divulgação do conhecimento produzido. Para a construção da relação entre ciência e sociedade são necessários mecanismos que garantam credibilidade, transparência e relevância social à produção científica apresentada.

Por fim, é importante considerarmos o ciclo de políticas públicas como um espaço dinâmico de disputa por recursos, prioridades e relevância. Cada etapa do ciclo — da definição da agenda à implementação e avaliação — oferece oportunidades e limitações para o uso de evidências. As pesquisas sociais não surgem de forma neutra: refletem posicionamentos específicos e estratégias dentro das disputas políticas e institucionais. Dessa forma, ter uma apropriação precisa sobre o ciclo de políticas públicas específico de uma área é essencial para orientar a formulação e o uso de evidências que sejam tecnicamente consistentes, politicamente viáveis e socialmente legítimas.

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