Nos dias 29 a 31 de março de 2011, foi realizado o Seminário Terceira Metade, com pesquisadores, artistas, pensadores, escritores e programadores culturais que trabalham sobre o eixo geográfico Brasil-África-Europa.
O Instituto Iniciativa Cultural apoiou o evento e foi representado por Alessandra Meleiro, que ministrou uma palestra no painel “Produção e circulação de tecnologia, imagens e imaginários”. O debate pretendeu problematizar a circulação e a economia da cultura neste enfoque geográfico e nas suas diásporas.
O encontro ocorreu na Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM) e houve tradução simultânea em português e inglês.
PROGRAMAÇÃO SEMINÁRIO TERCEIRA METADE
Ter 29/03/2010
14h Sessão de Abertura
O que constitui o Atlântico Sul? De que forma a experiência colonial moldou um espaço de formação intercultural e transnacional? Qual o papel da escravatura no jogo civilizatório e no projeto da modernidade? Que identidades podemos localizar e que hibridismos constituíram este contexto?
Descrito muitas vezes pela sua dificuldade de fixação conceitual, antropológica, geográfica, ou civilizatória, o Atlântico Sul será o amplo espaço de tráfegos e de trânsitos.
O contexto pós-colonial reconfigurou as trocas culturais entre o Brasil, a África e Portugal. Justifica-se, portanto, a análise e o questionamento das relações de integração e exclusão, que ocorrem tanto no eixo do Atlântico Sul, como no resto do mundo.
Célestin Monga, Economista do Banco Mundial, autor de “Niilismo e Negritude” | Goli Guerreiro, Antropóloga, autora de “Terceira Diáspora: o porto da Bahia” | Omar Ribeiro Thomaz, Antropólogo e Historiador, autor de “Ecos do Atlântico Sul: Representações sobre o Terceiro Império Português”
17h Produção e Circulação de Tecnologia e Imaginários
No mundo “global” de hoje são tão significativos os processos reais de intercâmbio cultural, quanto as construções imaginárias dessas trocas, no plano simbólico. Podemos falar de uma transnacionalização de bens materiais e valores simbólicos no Atlântico Sul? Que tipo de redes de profissionais da cultura sustentam a economia criativa nos setores das artes visuais, do cinema, da ciência, do design, da moda, do teatro, etc.? Como se caraterizam estas produções culturais? Quais os imaginários que projetamos neste espaço?
António Pinto Ribeiro, Ensaísta, Escritor, programador da Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa) | Adélia Borges, Curadora da Bienal Brasileira de Design de 2010, Pesquisadora em design | Alessandra Meleiro, Pesquisadora, presidente Instituto Iniciativa Cultural (São Paulo)
qua 30/03
14h Curadorias, Tráficos, Mobilidade
Atualmente um número expressivo de curadores baseia a sua experiência na mobilidade, e aumenta o intercâmbio com um conjunto de trabalhos artísticos distantes no espaço. A arte contemporânea africana, do continente e da diáspora, tem sido objeto de um olhar atento por curadores, programadores, galeristas, etc., integrando cada vez mais as agendas da arte mundial. Em paralelo, a arte contemporânea brasileira abandonar de vez o estatuto periférico que lhe conferiram.
Qual a importância das produções destes contextos geográficos e culturais para a arte de hoje? Quais as principais etapas que contribuíram para a construção do espaço que ocupa atualmente a arte brasileira e a arte africana?
Paul Goodwin, Curador da Tate Britain (Londres) e das conferências “Global Modernities”, Tate Triennial, 2009 | Stina Edblom, Pesquisadora de arte contemporânea africana, Co-curadora da Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Gotemburgo 2011 (Suécia) | Daniel Rangel, Diretor de Museus do IPAC (Bahia), Curador de “3 Pontes” – Bahia e Angola
17h Espaços na Cidade
A cidade é, por definição, a configuração espacial da articulação do tempo, passado, presente e futuro, objeto de experiência e de identidade.
Dos procedimentos, métodos e técnicas, identificados com o passado histórico comum de matriz portuguesa, resultaram as cidades e as formas urbanas do Brasil e de Angola. Longe dessa realidade colonial encontramos ainda vivos caracteres identitários que unem as diversas experiências urbanas, tanto na tradição construtiva como nos múltiplos e recíprocos sentidos de aprendizagem de estéticas e de construção do espaço urbano.
O mundo contemporâneo torna indispensável o olhar amplo e sistêmico sobre a cidade. É nesta realidade e neste olhar que coexistem as megalópoles de vocação global e grandes projetos, assim como uma micro-escala de filigranas, vestígios e traços históricos em permanente atualização.
Ana Vaz Milheiro, Doutorada pela Fac de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, autora de “A Construção do Brasil, relações com a cultura arquitectónica portuguesa” | Ângela Mingas, Professora de Arquitetura na Universidade Lusíada de Luanda | Paola Bernstein Jacques, Professora da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, autora de “Estética da Ginga”
qui 31/03
14h Terceira Metade
Uma artista e dois escritores revelam ao público das suas experiências de criação em “zonas de contacto”, espaços de permeabilidade e de mediação entre a memória, história e identidades brasileira, portuguesa e angolana.
Como sobrevivem os mitos, as poéticas, as linguagens?
Alexandra Lucas Coelho, Jornalista do “Público” no Brasil, Escritora, autora do blog “Atlântico Sul” | Ondjaki, Escritor, autor de “Quantas madrugadas tem a noite” e de “Avó Dezanove e o segredo do soviético” – Prémio Jabuti, categoria ‘juvenil’ (2010) | Adriana Varejão, Artista
17h Arte Contemporânea no Atlântico Sul? Imagens e Estratégias
Existem no mundo de hoje circulações de artistas, instituições, objetos, conceitos e contratos envolvendo a arte contemporânea globalizada. A pertinência destes fluxos no Atlântico Sul é algo relevante para ser proposta como um “topos” do mundo atual. Quais as características deste contexto?
Podemos ver que certo número de idéias, projetos, programas e políticas culturais, tanto públicas quanto privadas, acompanham a estruturação do campo artístico em nações deste “território”, não só na produção de um significado comum, mas também de uma estratégia de inserção na contemporaneidade. Quais os fatores que diferenciam este patrimônio artístico e semântico? Que imagens, que cultura visual, que noções ou que significantes os criadores têm explorado com suas obras? Como a produção artística se defronta entre tradição e inovação?
Roberto Conduru, Historiador da arte, Ensaísta e Professor do Instituto de Artes da UERJ | Claire Tancons, Curadora, Pesquisadora sobre o Carnaval e arte contemporânea, foi Curadora em “Prospect 1”, Nova Orleães | Afonso Luz, Critico de arte, Filósofo, ex-diretor da Secretaria de Politicas Cuturais do Ministério da Cultura do Brasil
Veja os vídeos das palestras: http://www.vimeo.com/terceirametade.
Veja o site do evento: terceirametade.com.br