IBGE divulga dados sobre indicadores culturais

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A cultura sofre mais os efeitos da crise de 2009 do que o total das atividades econômicas do País, em especial na geração do empregos, mostra pesquisa divulgada pelo IBGE. Entre 2009 e 2012, o número de pessoas ocupadas no setor cultural caiu 15,6%, enquanto na economia em geral o número de trabalhadores subiu 2,2%. Em 2012, havia 673 mil trabalhadores em cultura a menos que três anos antes. O cenário preocupante é o oposto do que a cultura registrou entre 2007 e 2009, quando o acrescimento de pessoas ocupadas superou o desempenho nacional.

A terceira edição da pesquisa Sistema de Informações e Indicadores Culturais mostra que, em 2012, 3,65 milhões de pessoas trabalhavam no setor cultural, que vai desde atividades artísticas até telefonia. Em 2009, 4,32 milhões estavam empregados em cultura. O IBGE leva em conta empregos gerados em indústria, comércio e serviços.

A radiografia da cultura, que está na terceira edição, é feita em parceria com o Ministério da Cultura e reúne dados de vários levantamentos, como Cadastro Central de Empresas (Cempre); Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF); Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e as Pesquisas Anuais de Comércio, Indústria e Serviços (PAC, PIA e PAS).

Em 2007, 4,6% do total de trabalhadores do País atuavam no setor cultural. Em 2012, a proporção caiu para 3,9%. O estudo do IBGE diz que uma possibilidade para a redução do pessoas ocupadas no setor cultural é que os trabalhadores tenham encontrado emprego formal em outras áreas da economia. O número de trabalhadores em cultura sem carteira assinada caiu 18% entre 2009 e 2012, enquanto a queda dos trabalhadores formais foi de 4%. Os dados não permitem saber, no entanto, que setores absorveram os ex-empregados na cultura e se houve formalização desses trabalhadores.

Se for levado em conta apenas o setor formal, o número de trabalhadores em cultura é crescente, mas aumenta em ritmo mais lento que o total da economia. Havia 400 mil empresas e organizações (órgãos públicos, entidades sem fins lucrativos) do setor cultural em 2012, 9% a mais que em 2007. O número total de empresas e outras organizções formais do País cresceu 16% no mesmo período e chegou a 5,1 milhões.

Em 2007, 8,3% das empresas e outras organizações formais do País eram do setor cultural, proporção que caiu para 7,8% em 2012. Mais da metade (55,5%) é do setor de serviços; 39,7% do comércio e 4,8% da indústria. A cultura perdeu espaço também na geração de receita. Em 2007, as empresas do setor cultural geraram 8,9% de toda a receita gerada no País. Em 2010, essa participação caiu para 8,3%. O setor cultural é o paraíso das microempresas, mostra a pesquisa do IBGE. Oito em cada dez empresas ligadas a cultura (82,5%) têm no máximo quatro funcionários. As que empregam mais de 500 pessoas são apenas 0,1% do total de 400 mil empresas do setor cultural. No total da economia, 76% das empresas têm até quatro funcionários.

Cultura tem melhores salários e mais trabalhadores com curso superior

Na comparação da cultura com todas as atividades econômicas, os trabalhadores são mais jovens, mais escolarizados, há mais presença de brancos e os salários são maiores, principalmente entre o setor formal da economia. Em 2012, o salário médio dos empregados em atividades culturais era de R$ 1.553 mensais, 6% maior do que o salário médio de todos os trabalhadores do País, de R$ 1.460 mensais.

Se for levado em conta apenas os empregados do setor formal, com carteira assinada, a diferença era ainda maior, na comparação de dados referentes a 2010. Os empregados em atividades culturais ganharam R$ 2.144, 30% a mais que os R$ 1.650 mensais do total de trabalhadores formais. Ao contrário do total das atividades econômicas, há mais brancos que negros e pardos empregados no setor cultural. Os homens são maioria no setor cultural (53% dos trabalhadores em cultura são do sexo masculino), mas não tanto quanto na economia total (57,6% dos trabalhadores em todos os setores são homens). A presença de pessoas de nível superior entre os trabalhadores da cultura é bem maior que no total das atividades econômicas. Na cultura, 20,8% dos empregados tem curso superior completo, proporção que cai para 14% entre o total de trabalhadores.

O Sudeste tem 4,5% do total de trabalhadores atuando no setor cultural – a maior proporção entre as regiões, seguido do Sul (3,9%). A menor proporção é no Norte, com 2,7%. Entre sete Estados comparados no estudo, São Paulo tem o maior peso de pessoas trabalhando em cultura (5,1% do total de trabalhadores). Bahia tem o menor (2,6%). Paraná e Minas Gerais são os únicos Estados em que as mulheres trabalhando em cultura superam os homens. No Paraná, 50,8% dos trabalhadores em cultura são do sexo feminino. Em Minas Gerais, 50,1%. Na Bahia, está a menor proporção: 40,4%.

Cultura é o 4º maior gasto das famílias, atrás de habitação, alimentação e transporte

Cultura é o quarto maior gasto das famílias brasileiras, atrás apenas de habitação, alimentação e transporte e acima de assistência à saúde, vestuário e educação. O gasto médio em cultura foi de R$ 184,57 por família, o que equivale a 8,6% do gasto médio familiar de R$ 2.134 mensais. O que aumenta muito o gasto com cultura é a inclusão do item “telefonia”. Se for excluído, o gasto das famílias com cultura cai para sexto lugar, atrás de assistência à saúde e vestuário. O IBGE diz, no entanto, que é importante incluir telefonia na atividade cultural porque esse gasto inclui, além do telefone fixo, o celular e a internet, meios cada vez mais utilizados para acesso a livros, filmes, cursos, diversão e outros itens ligados à cultura. O telefone é o maior peso do gasto familiar com cultura. Depois vem aquisição de eletrodomésticos, em especial aparelhos de informática e TV. Em terceiro, estão os gastos com atividades de cultura, lazer e festas, como cinema, teatro, circo, bar, boate, aniversários e casamentos.

Em 2010, apenas 0,31% dos gastos públicos foram para a cultura

Apenas 0,31% dos gastos públicos de União, Estados e municípios foram para cultura em 2010, mostram os dados do IBGE. Apesar da baixa proporção, foi um avanço em relação a 2007, quando a proporção era de 0,25%. Em 2010, o total de gastos públicos em cultura foi de R$ 7,25 bilhões e de R$ 4,41 bilhões em 2007. Os municípios têm os maiores gastos em cultura, chegando a 1,1% dos gastos. Os Estados reservam para a cultura 0,5% das despesas e a União, apenas 0,1%.

Fonte: O Estado de São Paulo, 18/10/2013, autor: Luciana Nunes Leal

Para saber mais sobre o Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais (SNIIC) acesse http://culturadigital.br/sniic/

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